Topo
Sindivestuário / Indústria da Moda & Negócios  / Estoques preocupam indústria e podem atrasar retomada
20 jan 2012

Estoques preocupam indústria e podem atrasar retomada

A indústria se esforçou para reduzir estoques nos últimos meses de 2011, mas alguns setores importantes entraram neste ano com produtos não escoados ainda acima do desejado, como o têxtil, o químico, o de celulose e papel, o de mobiliário e o de produtos farmacêuticos e veterinários. Com isso, esses segmentos devem levar mais tempo para retomar um ritmo forte da produção, o que pode segurar uma recuperação mais firme da atividade industrial no começo do ano.


No caso da indústria automobilística, para o qual há informações quantitativas de estoques, os dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostraram queda em dezembro. No entanto, o volume de unidades nos pátios de montadoras e concessionárias segue em níveis altos, ainda que em número de dias de vendas a situação esteja perto da normalidade.


Para o coordenador de sondagens conjunturais da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo, a indústria terminou o ano passado com uma situação de estoques mais equilibrada do que no terceiro trimestre, auge do problema, mas alguns setores importantes ainda enfrentam dificuldades. Há aqueles que não conseguiram reduzi-los, como o têxtil, e os que tiveram alta forte no fim do ano, como químico e o de mobiliário.


O setor químico viu o número de empresas que relatam inventários indesejados na sondagem da FGV saltar de 3,2% para 10,4%, feito o ajuste sazonal, bastante acima da média de 4,2% registrada desde janeiro de 2003. Para completar, a fatia de companhias do segmento que informaram estoques insuficientes caiu de 1,1% para 0,3%.


Já o setor têxtil, que em setembro tinha 24,8% das empresas com estoques excessivos, encerrou o ano com 27,8% delas nessa situação, percentual bastante acima da média de 18,7% observada desde 2003. A fatia das companhias que relataram estoques insuficientes caiu de 6,4% em novembro para 3,6% em dezembro.


O têxtil é um dos quatro setores que, segundo Campelo, estavam “superestocados” em setembro, ao lado de metalurgia, material de transporte (onde está a indústria automobilística), e vestuário e calçados. Desses quatro, apenas o têxtil não conseguiu vender suas mercadorias no quarto trimestre.


Campelo vê dois motivos principais para o acúmulo de estoques a partir da segunda metade do ano passado. O primeiro, uma demanda mais fraca do que a estimada pelas empresas – no terceiro trimestre, o consumo das famílias recuou 0,1% em relação ao trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, enquanto o investimento caiu 0,2%. Além disso, o aumento das importações também rouba espaço do produto nacional, podendo ter contribuído para a formação de inventários indesejados.


O setor de mobiliário terminou o ano com uma situação de estoques semelhante ao do setor têxtil. Em dezembro, 26,5% das empresas relataram à FGV ter inventários exagerados, enquanto apenas 1% informou que eles eram insuficientes.


O diretor da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel) em Brasília, Lipel Custódio, diz que o setor de fato virou o ano com estoques acima do desejado. O varejo segurou encomendas e o consumidor ficou um pouco mais retraído, em função das notícias sobre a crise internacional, acredita ele, citando também o mau desempenho das exportações. Para Custódio, a situação deve estar normalizada depois do Carnaval. Janeiro e fevereiro, segundo ele, são meses naturalmente de produção mais fraca. A queda dos juros iniciada em agosto pode ajudar nesse movimento, se implicar condições mais favoráveis de crédito, diz Custódio.


No setor metalúrgico (que engloba o setor siderúrgico), o quadro é bem mais favorável. Em setembro, 18,7% das empresas consultadas pela FGV relataram estoques excessivos