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12 nov 2014

ENAI 2014: Diálogo efetivo é o primeiro passo para modernizar as relações de trabalho no Brasil

Entre as prioridades apresentadas durante o Encontro Nacional da Indústria, estão a eliminação da burocracia e complexidade das leis e a valorização da negociação coletiva

O diálogo efetivo entre governo, empresários e trabalhadores é o primeiro passo para buscar a modernização das relações de trabalho no Brasil. A afirmação foi feita pelo presidente do Conselho Temático de Relações de Trabalho da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Alexandre Furlan, nesta quinta-feira (6), durante o 9º Encontro Nacional da Indústria (ENAI). Segundo ele, o diálogo social praticado no Brasil é muito diferente do de outros países, em que todas as partes efetivamente contribuem para a modernização das relações trabalhistas.

Furlan destacou que o custo do trabalhador, a burocracia e a insegurança jurídica nas relações trabalhistas dificultam os negócios no país. De acordo com ele, além disso, o empregador arca com outras obrigações que seriam do Estado, como educação e saúde. “Os empresários geram riquezas e vão além de suas responsabilidade e, quando quer negociar a modernização das leis trabalhistas, alguns dizem que se quer precarizar as condições de trabalho”, afirmou Furlan. “Precarização é ter atualmente 42 milhões de trabalhadores brasileiros na informalidade”, completou.

A opinião é compartilhada pelo diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Fernando Valente Pimentel. Segundo ele, a economia paralisada reflete, entre outros problemas, o excesso de burocracia e a complexa legislação trabalhista. “De alguma forma, esses custos que hoje recaem sobre a empresa, seja com tributos e outras obrigações como educação e saúde dos trabalhadores, serão cobrados da sociedade”, afirmou Pimentel.

Pimentel disse ainda que um dos maiores entraves nos diálogos com as demais partes é a judicialização das relações de trabalho. Ele destacou que, enquanto o Brasil tem um estoque de 7,6 milhões de ações trabalhistas, esse número não chega a 2 milhões no Canadá. Pimentel propôs que o país valorize mais a negociação coletiva. “O Brasil já é suficientemente maduro para dar esse passo, já que hoje empresários e trabalhadores são bem informados”, finalizou.

NEGOCIAÇÃO – A rigidez na legislação trabalhista que não fortalece a negociação entre trabalhadores e empregadores acaba engessando a gestão de recursos humanos das empresas no Brasil, inclusive de multinacionais como a Coca-Cola. De acordo com a vice-presidente de Recursos Humanos da empresa no Brasil, Raissa Lumack, isso dificulta a criação de políticas que valorizem a produtividade e a meritocracia.

Segundo ela, a valorização da negociação coletiva não elimina os direitos adquiridos dos trabalhadores, mas permite a flexibilização das formas de trabalho de acordo com as necessidades específicas de empregadores e funcionários. Para Raissa, o próprio empregado de hoje, mais voltado ao conhecimento, pede maior flexibilidade de horários.

Dados do Banco Central mostram que os custos com mão de obra cresceram mais de 300% entre 2002 e 2014. Por outro lado, a produtividade dos trabalhadores cresceu, em média, apenas 1% ao ano ao longo da década de 2000.

REFLEXÕES PARA O PAÍS – O Encontro Nacional da Indústria, que ocorre anualmente desde 2006, é a maior reunião de líderes empresariais e representantes de sindicatos e associações industriais de todo o país. No evento, empresários, representantes do governo, líderes políticos e acadêmicos refletem, debatem e propõem ações sobre os temas que têm impacto no desempenho da indústria e da economia brasileiras. O ENAI expõe a agenda do setor produtivo e fortalece o diálogo entre os empresários, o governo e os outros segmentos da sociedade. 

PROPOSTAS DA INDÚSTRIA – Confira o site com todos os estudos organizados pela CNI com as sugestões do setor para o próximo governo. Nele é possível fazer o download dos estudos em PDF ou dos infográficos que resumem as 42 propostas.

Por Maria José Rodrigues
Fotos: Miguel Ângelo
Do Portal da Indústria

Fonte: Novo Portal da Indústria.