De roupas a bolsas, cores fortes dominam o verão

Discrição pode até rimar com verão, mas não no caso da temporada 2012. Esta promete ser a estação das cores vibrantes que, não contentes em brilharem sozinhas, vão vir em duplas ou até em trios – num mesmo figurino. Pink com azul, laranja com pink e verde com azul são apenas algumas possibilidades de combinações. A tendência tem um nome: “color block”, batizada assim por formar blocos de cores num mesmo look.


O visual, explorado em todas as revistas de moda, pode ter a ver com o verão nos trópicos, mas pouca afinidade com a vida real da maioria das pessoas, que vão do escritório para a academia ou de casa para a escola dos filhos. A boa notícia é que os acessórios também foram “contaminados” pelas cores fortes. Bolsas, sapatos, cintos, carteiras e até capas para smartphones ou tablets chegam às lojas em tons que parecem gritar. Porém, usados na dose certa, eles atualizam o visual sem deixar ninguém parecendo um remanescente do estilo “new wave” dos anos 80.


Segundo a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), o verão é a grande temporada de consumo de vestuário no Brasil: enquanto no inverno se produz 80 milhões de peças, no verão esse volume chega a 6,6 bilhões. A coleção de verão, portanto, é a oportunidade da indústria e do varejo de garantir ganhos que compensem a temporada mais “morna” do resto do ano. E a aposta da vez para alavancar as vendas são as cores, que já animam vitrines de lojas de acessórios como Arezzo, Corello e Jorge Alex.


A designer de bolsas Laura Lima, do Rio de Janeiro, comemora a tendência “color block”. Adepta contumaz das cores vibrantes em suas bolsas, Laura espera aproveitar o momento para expandir as vendas. “Na moda, é tempo de ousar”, diz Laura, que vende suas peças em uma loja própria no Rio e em cerca de 40 multimarcas pelo Brasil. A exportação também está no foco de sua empresa: as bolsas com a grife Laura Lima já são vendidas nos Estados Unidos, Espanha e Portugal.


A moda “color block” – que não é um fenômeno apenas nacional – pode ajudar a expandir os negócios no exterior. “Exporto cerca de 30% da coleção, mas quero crescer”, diz Laura, que trabalha principalmente com couros exóticos, como o de peixe (pirarucu), arraia e crocodilo. “Recentemente, comecei também a usar a pele do estômago do boi”, diz a designer. Sofisticadas, as bolsas da marca não passam despercebidas. “Elas acabam sendo a peça de destaque no look, não tem jeito. E a ideia é essa mesmo: combinar o acessório marcante com uma roupa mais neutra.”


“As cores já chegaram aos acessórios masculinos, principalmente nas marcas internacionais, como Givenchy e Louis Vuitton “, afirma o consultor Fabio Garcia, autor do site bolsasdevalor.net que esmiúça o universo das bolsas masculinas. “Até a Louis Vuitton, que sempre foi tão clássica nas bolsas masculinas, nesta coleção fugiu do marrom e do cinza e fez peças em tons de laranja e branco.”


Já a Givenchy, diz Garcia, apostou em capas para aparelhos como iPad em cores cítricas vibrantes. “Mesmo as grifes mais tradicionais, como Bottega Veneta, Salvatore Ferragamo e Burberry, já apostam num tom de azul médio que foge do comum”, comenta o consultor. De acordo com Garcia, o europeu está aderindo à moda mais rapidamente que o homem brasileiro, mas o caminho do mercado é ir além do básico. Isso ocorre principalmente graças ao público mais jovem, que está entrando no mercado de trabalho e não quer usar uma pasta executiva igual a do pai. “Começar pelos acessórios é um bom treino para os homens que querem um visual mais colorido.”


Conhecido por seus calçados masculinos de alta qualidade, o designer Jorgito Donadelli acredita que os homens podem assimilar

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