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23 set 2011

Ações sustentáveis reduzem custos das companhias

A Ambev, quarta maior cervejaria do mundo, mapeou seu gasto de água desde a plantação de cevada até o instante em que a lata de cerveja chega à geladeira do consumidor – e conseguiu reduzir em 27,2% o volume gasto para produzir cada litro de cerveja. A fabricante alemã de softwares corporativos SAP economizou US$ 170 milhões em três anos, com ações de sustentabilidade. Os ganhos fizeram eco em sua cadeia de clientes: a Nike reduziu em 10% o consumo de energia, a Goodyear, em 47% e a economia do Walmart foi de 20%.


Estes e outros casos foram citados ontem, no seminário “Sustentabilidade: os desafios do desenvolvimento”, promovido pelo Valor, em São Paulo. Para o presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, as empresas têm papel fundamental em estimular o governo a se engajar em processos de sustentabilidade. Ele citou as metas de redução de gases-estufa assumidas pelo Brasil na conferência do clima de Copenhague, em 2009. “Isso foi provocado pela mobilização das empresas”, afirmou. “O Brasil é hoje uma liderança no debate climático porque as empresas pressionaram o governo.”


Este expediente deveria se repetir em junho, na conferência das Nações Unidas que o Brasil irá sediar, a Rio+20. “Pela primeira vez teremos uma conferência em que a economia real está demandando transformação”, disse Abrahão. O Ethos, junto às organizações e empresas filiadas, está elaborando um documento para apresentar ao governo brasileiro com propostas concretas “para avançar nessa agenda. Discutimos, por exemplo, como precificar o carbono.”


A pauta da sustentabilidade vem avançando também nos Estados Unidos, país refratário a assumir compromissos de cortes de emissões de gases-estufa nas negociações internacionais. “Grande parte das atividades voltadas à sustentabilidade nos EUA começaram a se concretizar durante a crise financeira global”, disse Alison Taylor, vice-presidente de sustentabilidade para as Américas da Siemens, empresa que vêm tendo resultados positivos ao investir em tecnologias verdes.


Nos últimos cinco anos, a Ambev cortou a emissão de CO2 em 35% e chegou ao reaproveitamento de 98,2% de seus resíduos. Com isso, conseguiu receita anual de R$ 78,8 milhões. “Todo acompanhamento nervoso e diário que fazemos dos negócios foi também desenvolvido para os indicadores ambientais”, disse o diretor de relações socioambientais da empresa, Ricardo Rolim. A companhia criou um sistema de gestão ambiental que inclui metas acompanhadas mensalmente e até bônus aos executivos que as cumprem.


A Ambev também está atenta às embalagens. A empresa aguarda a aprovação de órgãos públicos como da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para levar uma garrafa PET 100% reciclada aos mercados. A previsão é que chegue às gôndolas em outubro, com 2 litros de guaraná.


Mas embora o caminho esteja certo, o esforço das empresas está longe de acompanhar o tamanho do problema. Foi assim que o engenheiro florestal Tasso Azevedo, que dirigiu o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e trabalhou ativamente na montagem das metas de redução de gases-estufa apresentadas pelo Brasil em Copenhague, sacudiu a plateia ao dizer que os esforços de sustentabilidade das empresas têm que ser muito maiores para dar conta do problema.


O mundo emite hoje 50 gigatoneladas (gigaton) de CO2 equivalente (um fator de conversão para todos os gases-estufa). A Terra absorve cerca de 10 gigaton e as outras 40 são lançadas à atmosfera. Azevedo foi fazendo as contas para explicar porque, se o mundo quer limitar o aquecimento a 2°C até 2050, os cortes nas emissões globais têm que ser de 80%. Hoje, lembrou, o mundo emite 50 gigaton pa