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25 nov 2011

Uma viagem ao mundo do estilo de ‘Re Giorgio’


Para explicar a estética despojada do Armani Hotel Milano, Giorgio Armani disse que “em minha casa, de manhã, removo tudo do meu redor […] objetos, presentes que as pessoas me deram. E fiz a mesma coisa aqui”.


Bronzeado e atlético como sempre, vestido num terno de lã cor de carvão antracito com o corte sob medida, Armani está em pé no quarto 613, a suíte presidencial com diária de 10.000 euros (cerca de US$ 13.500) no recém-inaugurado Hotel Milano.


No fim de uma semana pontuada pela renúncia do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi por causa da crise de dívida, o estilista de 77 anos continua pensando positivamente. Tudo ainda está bem – e crescendo – na casa Armani.


Aqui, a uma hora de carro de Piacenza, sua cidade natal, Armani foi coroado “Re Giorgio” (Rei Giorgio) por sua influência no estilo italiano. E embora este não seja seu primeiro hotel (Armani abriu um em Dubai ano passado), é o mais próximo do seu coração. “Este é mais refinado que o de Dubai”, disse ele. “Era importante chegar a Milão antes de Paris ou Londres porque é a minha cidade.”


Banhada numa paleta de ouro e prata foscos, e de cinza e bege, a suíte – e o sereno hotel como um tudo – é o reflexo da estética simplificada da grife. Quase dá para imaginar o personagem de Richard Gere em seu Armani no clássico de 1980 “Gigolô Americano” – que lançou o estilista para a fama – ocupando as linhas elegantes da suíte num chique terno cinza.


Situado no coração da área comercial da capital italiana da moda, o hotel ocupa sete andares acima das butiques do estilista. Ele começa no sétimo andar com um lobby e área comum que Armani calculadamente manteve distante das ruas movimentadas abaixo, e tem 95 quartos. Ele começou a construir o hotel de luxo há quatro anos, demolindo o interior do edifício e acrescentando uma cobertura de vidro aos três últimos andares, em cujo topo há uma piscina infinita com vista para uma paisagem de telhados vermelhos e igrejas barrocas.


O edifício severo, de estilo fascista, foi projetado por Enrico Griffini em 1937 e abriga um tom e estilo mais suaves no interior. Armani combina mobilia inspirada na Art Déco, como as cadeiras de jantar com espaldar curvado e detalhes inspirados na cultura japonesa (com a qual ele tem uma longa afinidade) como madeiras laqueadas e um jardim suspenso de bambu. O edifício tem forma de “A” quando visto do ar – uma coincidência feliz, disse Armani, embora os produtos com sua marca no quarto (água, açúcar, chocolates) não sejam.


A maior dificuldade, disse o estilista, foi conceber um ponto de vista que realmente dure. “Você precisa levar em conta o risco de que as coisas que você escolheu inicialmente deixem de agradar quatro anos depois”, ele disse. “Para alguém da minha idade, esses anos são longos.”


O hotel é um delicado exercício de equilibrar forma elegante e função – o mesmo desafio que ele enfrenta quando cria suas roupas. “A estética aqui é eterna. O segredo é esse”, disse Armani. “Você não pode se ligar a um momento na moda; as coisas precisam ser duradouras.”


Como uma vista estarrecedora raramente fica cansativa, Armani posicionou o restaurante do hotel, revestido de mármore e painéis de ônix, de frente para a Catedral de Milão, a Duomo, que pode ser admirada pelas janelas de sete metros do teto ao chão.


Os detalhes nas suítes são sutis, mas poderosos. Colchas engomadas da cor do trigo são arrumadas perfeitamente nos colchões macios, eliminando qualquer amassado ou saliência. Uma escada imponente – revestida com um discreto couro creme – conecta a sala de estar de uma suíte (com sala de projeção privativa) para o frugal mas luxuo