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13 jan 2012

Tavex corta operações e melhora resultados

Depois de uma longa reestruturação das operações globais, a maior fabricante de tecidos para jeans do mundo, a Tavex, consolidou suas estratégias de crescimento. A empresa intensificou sua presença no segmento dos produtos tipo premium e restringiu sua produção a locais onde ganha competitividade. Seus negócios estão estruturados sobre a vantagem do acesso imediato à Europa e aos EUA – fontes de desenvolvimento dos produtos da moda. Mesmo assim, a companhia não tem ficado de fora dos impactos negativos das flutuações preços da matérias-primas e da retração econômica global sobre o setor e vê 2012 como um ano desafiador.

“Se fala muito em crise, comparando com a de 2008 e 2009, períodos em que sofremos. Mas agora, nos consideramos mais preparados”, afirmou ao Valor, o presidente mundial da empresa, Ricardo Weiss, em uma rara entrevista à imprensa para falar dos negócios da companhia espanhola.


Em 2006, a empresa realizou uma fusão com a brasileira Santista Têxtil. Estrategicamente, as consequências do acordo foram o melhor posicionamento geográfico da companhia, sua saída de tecidos básicos e o foco em produtos de marca. Entre 2008 e 2011 a empresa fechou as três fábricas da Espanha, a unidade de Aracajú (SE) e encerrou a produção no Chile.


Com capacidade total de 173 milhões de metros por ano, hoje, a Tavex tem quatro fábricas no Brasil – em Americana (SP), Tatuí (SP), Paulista (PE) e Socorro (SE) -, além de uma no Marrocos (que abastece o mercado europeu), duas no México (voltada aos EUA) e uma na Argentina. “Ter menos plataformas nos permitiu ampliar a produção em locais onde somos mais competitivos. Hoje produzimos o mesmo, mas ganhamos mais”, explicou Weiss, que comanda a companhia desde 2008.


Os resultados das mudanças foram visíveis. Em 2010, a empresa faturou globalmente ? 446,3 milhões, o que representou um crescimento de 41,6% ante 2009. Cerca de 60% do desempenho vem do Brasil, onde a companhia tem capacidade de produzir mais de 100 milhões de metros de tecido por ano. O peso dos negócios do mercado brasileiro vem da diferenciação da empresa perante os concorrentes da região, por conseguir antecipar as inovações com o desenvolvimento dos produtos junto aos varejistas europeus, no mínimo uma coleção à frente do Hemisfério Sul. “Antecipamos tudo de seis meses a um ano e meio ante os concorrentes sul americanos”, contou Weiss.


O país é o único no qual a empresa tem um portfólio mais amplo que, além do denim (representando 65% da produção), oferece também brim e tecidos para uniformes de trabalho. Ao se voltar para os tecidos diferenciados, a empresa consegue aliviar os efeitos da concorrência das importações asiáticas, que geralmente atuam mais nos produtos simples, vendidos em grande volume. Mas, com o pé no freio do consumidor brasileiro no ano passado, a empresa vivenciou um período de desaceleração nas vendas, principalmente nos últimos meses.


Para 2012, a Tavex espera uma recuperação nas vendas, em formato de “U”. O primeiro trimestre deve continuar no passo de desaceleração do último de 2011 (ainda não divulgados pela empresa). Ao longo do ano, deve haver uma recuperação, sendo que no fim de 2012, os números voltarão ao patamar do primeiro trimestre de 2011 (quando registrou vendas de ? 119,6 milhões). Mesmo assim, no âmbito dos resultados globais as operações brasileiras devem perder participação na empresa.


Isso porque a Tavex está apostando no mercado americano, que representava em 2010 cerca de 10% do faturamento. As vendas na região da América do Norte foram as que mais cresceram no período, quase 50%, somando ? 30,8 milhões. “Nos EUA entramos em 2007 e estamos construindo nossa marca. É um mercado que está crescendo”, afirmou Weiss. Ao mesmo tempo, na Europa, a empresa apresentou av