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6 set 2012

Só usa o estilo “vovozinha” quem quer

Se você achava que os 40 eram os novos 30, pense de novo. Começa a ser exibido nos cinemas americanos o filme “Amour”, premiado com a Palma de Ouro em Cannes. É uma história de amor sobre um casal de professores de música aposentados de 80 e poucos anos. Em dezembro passado, a musa da moda de 91 anos Iris Apfel criou uma coleção de maquiagem para a MAC, e este ano Jimmy Choo deu seu nome a um modelo de sapato. Em julho, a Lanvin usou a modelo estreante Jacquie Murdock, de 82 anos, em uma campanha.


E isso é apenas o começo. Daphne Selfe, 84, posou de Madonna, no início do ano, usando o sutiã cônico Jean Paul Gaultier da pop star para a campanha da Big Bra Hunt da Oxfam. A ex-modelo dinamarquesa Gitte Lee, 77, se apresentou pela Céline. E Carmen Dell’Orefice, 81, participou de recente campanha da empresa belga de bolsas de luxo Delvaux.

Muitas dessas mulheres também aparecem no blog de Ari Seth Cohen, o Advanced Style, focado no “pessoal mais velho” mais elegante das ruas de Nova York. O blog se tornou o ponto de partida de um livro, “Advanced Style”, publicado no início deste ano e pronto para ser transformado em filme em 2013. Tudo isso evoca a interrogação: é possível que, nestes tempos, os 80 sejam os novos 20?

“Eu não chamaria isso de uma tendência, e sim de um movimento rumo a uma maior valorização de pessoas em processo de envelhecimento e idosas”, diz Cohen. O motivo pelo qual isso acontece é simples: só nos EUA, ao que se sabe, há 78 milhões de pessoas da geração pós-guerra, de seus 60 e poucos anos ou mais, que controlam 70% da renda doméstica. É um poder de compra nada desprezível.

“As atitudes parecem estar mudando lentamente, num momento em que blogs como o Advanced Style, o The Women’s Room e That’s Not My Age chamaram a atenção para o fato de que envelhecer não significa que as mulheres se desinteressem por moda e estilo”, diz a especialista britânica em prognóstico de tendências Jane Kellock, fundadora do The Women’s Room. “Tomara que o emprego de mulheres mais velhas em campanhas publicitárias seja o começo de uma verdadeira consciência das atitudes para com o envelhecimento e não apenas uma tendência. Mas não consigo imaginar nenhuma marca da moda que afirme abertamente estar voltada para mulheres de mais idade.”

De fato. Não é necessariamente verdade que as grifes estejam concebendo novas marcas para suas criações voltadas para uma população de mais velhos, embora alguns estilistas estejam encontrando um nicho. “Não sei por que as marcas estão empregando modelos mais velhas, mas tenho certeza de que isso obedece a um ponto de vista artístico, e não a uma estratégia comercial”, diz Fanny Karst, que lançou a marca de nicho The Old Ladies Rebellion quatro anos atrás para uma clientela decididamente mais madura. Sua “turma de modelos” inclui atualmente Andrée Putman, uma arquiteta de interiores francesa nascida em 1925 e Joan Burstein, fundadora da Browns. “Essas mulheres são tão extraordinárias que vestem tudo de forma magnífica”, diz Fanny.

“Não há, na verdade, quaisquer outras marcas que ousem reconhecer que criam para a turma mais velha ou se concentrar nessa área, e eu fui desestimulado de fazer isso. Mas essas senhoras também já estão começando a saber que estão sendo observadas e examinadas na rua”, diz Fanny.<