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6 set 2012

Só quatro setores industriais crescem

Iedi mostra que neste ano, até junho, a indústria estagnou; expectativa é de melhora, mas não há confiança em uma retomada robusta


LUIZ GUILHERME GERBELLI – O Estado de S.Paulo

As recentes medidas de estímulo do governo foram insuficientes para beneficiar toda a indústria. De 27 setores analisados, somente 4 apresentaram tendência de melhora no primeiro semestre, segundo um estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Os dados do levantamento do Iedi vão até junho e mostram que a recuperação da indústria foi isolada. Na terça-feira, a pesquisa de produção industrial do IBGE referente ao mês de julho será divulgada. Há expectativa de que a indústria melhore no segundo semestre, mas o histórico observado na primeira metade do ano indica que uma recuperação consistente é um desafio. “Olhando para as tendências setoriais da indústria há poucos sinais de uma recuperação robusta”, diz o professor da Unicamp e consultor do Iedi, Julio Gomes de Almeida.

Além dos setores com tendência de melhora, o estudo do Iedi classificou os setores com desempenho ruim, os que tiveram melhora mas após grandes quedas – ou seja, com uma base de comparação baixa – e os com oscilação.

Os setores com tendência de melhora no primeiro semestre foram bebidas; máquinas, aparelhos e materiais elétricos; veículos automotores e outros equipamentos de transporte. “Um bom desempenho do consumo deve ter colaborado para a trajetória de alta do setor de bebidas”, diz o consultor do Iedi. “Máquinas, aparelhos e materiais elétricos é um setor na área de bem de capital. Teve uma melhora tímida, mas tem uma tendência de alta. É o único indicador do ponto de vista setorial que mostra que o investimento pode estar melhorando em alguma dimensão.”

O crescimento do setor de veículos automotores está galgado no incentivo fiscal concedido pelo governo, enquanto a melhora de outros equipamentos de transporte é considerada pontual pelo Iedi. “Dessa forma, somente dois setores estão com uma tendência segura de melhora. É muito pouco. O crescimento da indústria deve acontecer, mas ele ainda precisa ser construído”, afirma o pesquisador.

A expectativa do Iedi é que as ações já adotadas de estímulo vão surtir efeito em algum momento. A taxa básica de juros, por exemplo, cai há um ano. Na quarta-feira, o Banco Central reduziu a Selic para 7,50% ao ano, nível mais baixo da história. Além disso, a disposição do governo em ter a iniciativa privada como parceira para determinadas áreas da infraestrutura colabora para um otimismo do setor industrial.

“O processo de concessão de ferrovias e rodovias mexe com a expectativa empresarial e sinaliza que o governo está fazendo alguma coisa. Nesse caso, o efeito concreto deverá ser visto de um a dois anos, mas há uma sinalização de expectativa importante”,