Divulgado nas vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Produto Interno Bruto (PIB) de 2011 certamente influenciou a decisão dos membros do BC. A economia brasileira cresceu apenas 2,7% no ano passado, o pior resultado desde a retração de 0,5% de 2003, primeiro ano do governo Lula, tirando a queda de 0,3% de 2009, auge da crise internacional. Em 2010, o PIB havia crescido 7,5%. Esses números aumentam a disposição do Copom a cortar os juros e a pressão por medidas cambiais.
A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apressaram-se em culpar a crise internacional pelo fraco desempenho. No entanto, a Alemanha, no olho do furacão da zona do euro, cresceu mais, 3%. Dos países do grupo dos Brics que já divulgaram o PIB de 2011, o Brasil foi o que menos cresceu. A China exibiu exuberantes 9,2%; a Índia, 6,9%; e a África do Sul, 3,1%.
Mas as autoridades brasileiras apegaram-se ao impacto que a crise teve na indústria, que fechou o ano com crescimento de 1,6%, atrás da agropecuária, que puxou o PIB com expansão de 3,9%; e dos serviços, com 2,7%.
A indústria começou a apresentar resultados ruins desde o terceiro trimestre de 2010. O desempenho melhorou no primeiro trimestre de 2011, mas voltou a piorar e, desde abril, registra queda nas variações trimestrais. O PIB da indústria foi prejudicado principalmente pelo desempenho ruim do setor de transformação, que teve retração de 2,4% no quarto trimestre em comparação com o trimestre anterior e cresceu 0,1% sobre 2010.
Nem sempre tudo foi ruim na indústria. Em 2010, o PIB industrial saltou 10,1%, acima portanto da média do ano; e o segmento de transformação cresceu 9,7%. Mas, em 2011, a depreciação cambial acentuou a falta de competitividade do produto brasileiro e favoreceu o importado especialmente nas áreas de vestuário, artigos de plástico, metalurgia, máquinas, material elétrico e automóveis. Também foram prejudicados pela política de aperto monetário para conter a inflação que, apesar de tudo, fechou o ano no teto da meta, em 6,5%. Mas houve destaques positivos em máquinas, gasolina e óleo diesel, caminhões e ônibus.
Os dados da produção industrial de janeiro, ontem divulgados, indicam que o setor continua navegando em águas turbulentas. A produção industrial caiu 2,1% em janeiro e 3,4% em 12 meses. Somente a produção de bens de capital caiu 16%.
Pelo lado da demanda, foi o consumo das famílias que puxou o PIB, ao crescer 4,1%. O consumo do governo aumentou apenas 1,9%. Já o investimento teve expansão de 4,7%, o que representou forte freada em comparação com o salto de 21,3% de 2010. Apenas o investimento em máquinas aumentou 30% naquele ano e meros 6%, em 2011. As exportações cresceram 4,5%; e as importações, 9,7%.
O consumo das famílias, que