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21 jun 2013

Empresas ligadas ao consumo perdem com dólar mais forte

Enquanto o dólar mais forte beneficia exportadoras, na outra ponta, prejudica quem depende do poder de compra do consumidor, avalia Leonardo Milane, estrategista da Santander Corretora. Para ele, o setor de consumo é o que mais perde, principalmente segmentos com demanda mais vulnerável a variações de preços, como os de vestuário, calçados e eletrônicos. A alta da moeda acentua as preocupações com a inflação.

O Credit Suisse também menciona as varejistas como as empresas que mais devem sofrer o impacto negativo da alta da moeda americana. Entre as ações, os analistas Andrew T. Campbell e Daniel Federle citam Technos, Hering, Lojas Renner e Lojas Marisa, por conta do elevado percentual de custos com importados. “Alguma preocupação pode recair em Hypermarcas, já que a empresa tem grande parte da dívida em dólar, mas ela está longe de quebrar os ‘covenants’ (cláusulas contratuais)”, destacaram os analistas, em relatório.

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Para Milane, da Santander Corretora, varejistas são as mais prejudicadas

Ainda na seara de companhias ligadas ao consumo que perdem com a alta do dólar, além de Hering e Marisa, a Fator Corretora cita Magazine Luiza, Guararapes e Saraiva. M. Dias Branco também tende a perder, pelo fato de a companhia não ser exportadora, mas ter insumos atrelados à variação do dólar, assim como a empresa de engenharia Mills, uma vez que importa os equipamentos do segmento “rental” (locação e venda de plataformas aéreas e manipuladores telescópicos).

 

Com preços fixados em reais pelo governo e com custos de importação em dólar, a Petrobras é outra que aparece na lista das companhias que podem ser prejudicadas com a apreciação da moeda americana, ao menos no curto prazo. Companhias aéreas também integram o grupo, em função da significativa exposição dos custos – sendo combustível o mais representativo – à taxa de câmbio, o que poderá comprometer as melhorias operacionais recentes.

O Bank of America Merrill Lynch (BofA) também mostrou preocupação com os efeitos da variação cambial sobre a Gol, dada a forte relação entre seus custos e dívida com a moeda americana. Cálculos do banco indicam que, se o dólar permanecer em R$ 2,13 neste ano, haverá uma redução de 110 pontos-base na estimativa de margem Ebit (lucro antes de juros e impostos) para o período, de 2,9% para 1,8%, e a última linha vai passar de um prejuízo de R$ 161 milhões para R$ 387 milhões. “Nós já temos uma média [do dólar] de R$ 2,04 no segundo trimestre, assim o impacto negativo ficaria concentrado no segundo semestre deste ano”, afirmaram os analistas Sara Delfim, Murilo Freiberger e Roberto Otero, em relatório. “Assim, o nosso preço justo passaria de US$ 8 para US$ 6,25.”

Para Gabriel Salas, do J.P. Morgan, entre as concessionárias de serviços básicos, as estatais Sabesp e Cesp são as que mais tendem a sofrer com a depreciação cambial, em função da elevada exposição de suas dívidas ao dólar e, no caso da empresa de saneamento paulista, também à moeda japonesa. Segundo o banco, as duas companhias perderiam entre 40% e 50% do valor do lucro por ação projetado para o fim do ano se a cotação do dólar for a R$ 2,50 até o fim de 2013. Já a Eletrobras foi a única empresa citada pelo banco como beneficiada pelo novo quadro cambial, por contar com exposição líquida positiva de R$ 1,5 bilhão a ativos denominados em moeda estrangeira. (Colaboraram Daniela Meibak e Tatiane Bortolozi)

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