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2 set 2011

Empresários esperam que reforço fiscal ajude a baixar juros

A decisão do governo de reforçar o ajuste fiscal de 2011, anunciada ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi bem recebida pelos executivos que comandam as melhores entre as maiores empresas brasileiras. Para muitos deles, a medida pode ajudar a baixar a taxa básica de juros, que eles já consideram possível de ser reduzida, mesmo sem o novo aperto fiscal.


A decisão do governo de aumentar o superávit primário em R$ 10 bilhões este ano é positiva e sinalização clara de que o governo está cortando custos, na avaliação de Milton Seligman, diretor de relações corporativas da AmBev. “O anúncio é uma manifestação clara de que se está cortando custos, num momento em que as empresas estão reduzindo custos, e isso pode fazer com que a inflação no futuro caia e, consequentemente, a taxa de juros.”


Na AmBev, afirmou Seligman, o impacto da desaceleração da atividade já pode ser visto nos volumes produzidos pela empresa, que vieram em linha com os registrados no ano passado.


Para o presidente da Suzano, Antonio Maciel Neto, que tem metade da sua receita na venda de papéis, com forte dependência do mercado interno, e metade de exportações de celulose e papel, não há razão para manter os juros nos atual patamar. “Com alguma redução, vamos diminuir um pouco a pressão sobre a taxa de câmbio, nosso principal problema no momento.”


Silvio Tini, diretor-presidente da Buritirama, também critica o atual patamar das taxas de juros no país e considera que há espaço para redução no curto prazo. Para Tini, o repique recente da inflação é fruto do aumento da demanda, que deveria ser controlado por meio de incentivos para investimentos em aumento da capacidade produtiva.


Alguns empresários acreditam que o juro básico da economia pode ser cortado na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana. Wilson Ferreira, presidente da CPFL Energia, diz que a crise deve servir de alerta para que o Brasil faça seu dever de casa e assuma que alguns problemas como o de previdência, por exemplo, são mundiais, e não apenas brasileiro. “Não podemos ignorar que temos que nos preparar para enfrentar esse problema”, disse.


Laércio Cosentino, executivo-chefe da Totvs, é menos otimista. “É pouco provável que haja corte expressivo da taxa de juro na próxima reunião do Copom, embora seja isso o que deveria ocorrer no curto prazo”, afirmou. À medida que a economia se desacelera, porém, começa a haver espaço para isso ocorra, disse Cosentino.


A Totvs ainda não detectou nenhum reflexo direto da desaceleração da economia em seus negócios. A empresa tem clientes de grande, médio e pequeno portes, e fornece programas para companhias de dez ramos de atividade diferentes, o que proporciona equilíbrio às fontes de receita, disse. Nos corredores das grandes empresas, no entanto, já se percebem comentários sobre quedas nos pedidos e dificuldades decorrentes da conjuntura, disse Cosentino.


Já Roberto Tejadas, presidente da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), não acredita que o Copom vá começar o movimento de redução da Selic. “Os sinais externos não são favoráveis e o Copom vem adotando postura bastante conservadora.”


Aldo Lorenzetti, da Lorenzetti, também acredita ser ainda relativamente cedo para o governo retroagir com a taxa básica de juros, mas diz que um novo aumento no curto prazo é inviável. “O Brasil dificilmente enfrenta inflação de demanda, mas sim de custos”, diz o empresário. “E não se combate isso com alta de juros, aumento de impostos, corte de crédito e recessão, que inviabiliza a atividade em