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14 ago 2012

Emprego recua, mas indústria segura mão de obra à espera da retomada

Os dados do emprego industrial divulgados nesta sexta-feira na Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ratificaram que o primeiro semestre foi de forte contração para o setor, mas analistas consultados pelo Valor observaram que a indústria ainda tentou segurar a mão de obra, à espera da retomada da atividade. O ?timing? da recuperação, contudo, ainda é incerto, segundo eles.

O IBGE mostrou que no primeiro semestre a queda no emprego (-1,2%) foi menos intensa que a da produção (-3,8%), quando comparada ao mesmo período do ano passado. O número de horas pagas recuou 1,9% no período, mesmo percentual da queda da produtividade no semestre. Julio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) acredita que a indústria conta com uma retomada ainda em 2012. ?O empresário ainda vê a queda da produção como algo que vai passar. Por isso resiste a reduzir o quadro de funcionários na mesma proporção em que a produção cai?, afirmou.

O economista disse que é positivo notar que os industriais estão segurando uma mão de obra que recebeu investimentos e treinamento, de onde decorre o receio em demitir e não encontrar quem a substitua num momento de recuperação. ?Ou o empresário tem a mão de obra qualificada e não quer dispensá-la, ou gastou muito em treinamento e não quer jogar fora o que investiu. Quando a produção voltar a crescer, a manutenção de funcionários qualificados, que hoje é um custo, se tornará em um bem.?

Enquanto o emprego caiu, a folha de pagamentos aumentou 3,8% no semestre. ?Com o mercado de trabalho apertado, a indústria se vê obrigada a conceder aumentos para não perder funcionários?, avaliou Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria. Há grande dificuldade em encontrar mão de obra. Se a indústria perde esses profissionais, pode ter problemas no futuro.?

Já na comparação dessazonalizada com maio, a folha aumentou 2,5%, para recuo de 0,2% no emprego. Segundo André Macedo, economista da coordenação de indústria do IBGE, esse tópico foi favorecido pelo pagamento de participações de lucros. Houve também o impacto de reajustes salariais concedidos em maio, que entraram na folha de junho.

As demissões na indústria ainda refletiram um semestre ruim para a produção, mas o quadro poderá ser revertido à medida que surtirem efeito os esforços do governo para reativar a atividade industrial, afirma Flavio Combat, da Concórdia Corretora. A partir dessa recuperação, a produtividade também poderá reagir.

?Existe a eterna promessa de se reverter a queda de produtividade. Esperamos que as medidas do governo, como a desoneração da linha branca e de automóveis tenham algum efeito mais claro. A expectativa é que com a produção mais forte no segundo semestre, especialmente no último trimestre, a produtividade acompanhe. Mas não será nada grandioso?, disse Combat.

Bacciotti, da Tendências, acredita que as medidas de incentivo lançadas pelo governo, como a desoneração da folha de pagamento de diversos setores e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis e linha branca vão impulsionar a indústria nos próximos meses. Mas pondera que o processo será lento. Ele ainda observou que o momento dessa retomada gera dúvidas por conta dos riscos que o setor