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21 out 2011

Em 2011, salários crescem mais que produtividade

SÃO PAULO – Normalmente, as empresas reajustam os salários em função dos ganhos de produtividade, seja em razão de atividade mais intensiva dos funcionários, seja, especialmente, em razão de novos equipamentos ou de reorganização do trabalho. Se a remuneração dos assalariados permanece muito acima dos ganhos de produtividade, por um prazo longo, a empresa poderá enfrentar grandes dificuldades ou terá de elevar seus preços, correndo o risco de perder sua posição no mercado.


No ano passado, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve um aumento de 6,1% da produtividade, enquanto a folha de pagamentos cresceu 6,8%. Se se levar em conta que a produtividade, como os salários, não cresce de modo homogêneo em todos os setores e que os reajustes salariais não se realizam na mesma data, pode-se considerar como equilibrados os dois fatores de produção.


Neste ano, nos oito primeiros meses, calcula-se que a produtividade cresceu 0,10%, enquanto houve um aumento de 5,2% da folha de salários. Trata-se de um grande desequilíbrio entre os dois fatores de produção, que, por se tratar de uma parte do ano apenas, ainda pode oferecer surpresas negativas, na medida em que no quarto trimestre do ano se concentram os dissídios das maiores categorias, que neste ano parecem dispostas a lutar por um aumento real maior.


Dos 18 setores examinados pelo IBGE, apenas 6 apresentaram aumento de produtividade, variando de 25,5% (fumo) a 0,10% (vestuário); e somente 5 apresentaram redução da folha de salários – os restantes exibiram reajustes com aumentos que variaram de 3% (têxtil) até 11,7% (fabricação de meios de transporte).


É preciso levar em conta que em 2010 os investimentos do setor industrial foram maiores do que neste ano e, além disso, temos de admitir que os reajustes de salários em 2011 puderam ser maiores em razão dos investimentos realizados no ano anterior.


Cabe notar que os aumentos salariais – que vão ser ainda maiores no quarto trimestre – têm o efeito de aumentar a demanda e, no caso brasileiro, as importações, já que os bens importados apresentam preço mais atrativo.


Estamos nos referindo apenas aos salários da indústria, que em alguns setores enfrentou falta de trabalhadores numa situação de pleno emprego. Mas sabe-se que para os serviços, em que a falta de mão de obra foi maior, os salários aumentaram mais. Sem falar do setor público, em que os salários são aumentados sem elevação da produtividade.


Fonte: O Estado de S. Paulo


http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,em-2011-salarios-crescem-mais-que-produtividade,88172,0.htm