Topo
Sindivestuário / Matérias  / Como crescer e manter a aura de exclusividade
17 maio 2012

Como crescer e manter a aura de exclusividade

“Escolhi este lugar para a entrevista porque está um dia lindo. Você acha que foi uma boa opção? Pensei que é muito melhor conversarmos aqui, diante desta paisagem, do que irmos para uma sala fechada”, diz o CEO da marca de relógios italiana Panerai, Angelo Bonati. São 9h30 de uma manhã ensolarada no final de abril e ele aponta para o mar azul turquesa de uma praia na ilha de Antígua, no Caribe. Estamos no hotel The Inn at English Harbour – onde ele está hospedado -, no restaurante que fica junto à areia, no qual é servido o café da manhã.


Ele pede licença para tomar o segundo cappuccino do dia antes de começar a conversa. No pulso, exibe um Panerai Luminor 422, com 47 milímetros de diâmetro, lançado no salão de Genebra, em janeiro deste ano. Veste bermuda, camisa polo e um sapato de camurça confortável (mais tarde posa para a foto de terno e gravata). Está em boa forma para seus 61 anos. Algo indispensável para quem participa em média de três regatas ao ano, as mais importantes do extenso calendário da Panerai Classic Yachts Challenge, com circuitos no Caribe, na costa leste da América do Norte e no Mediterrâneo.


Angelo Bonati nasceu numa família modesta e começou a trabalhar aos 14 anos como aprendiz de joalheiro. O tempo fez dele um executivo de sucesso no mundo do luxo. Era diretor da Cartier na Itália havia 20 anos e já estava no Grupo Richemont, quando a Panerai foi comprada pelo conglomerado, em 1997. Convidado para ser CEO, aceitou o desafio e transformou a pequena marca de relógios num objeto de culto internacional.


A Officine Panerai nasceu como uma empresa familiar em Florença, no século XIX. Produzia instrumentos bélicos de precisão e componentes de relojoaria para a Marinha italiana. Na Segunda Guerra, fabricou o primeiro relógio de pulso legível sob a água escura, para ser usado pelos mergulhadores. Mas esses relógios não traziam o nome do fabricante por razões estratégicas. Relógios de pulso com marca Panerai surgiram na década de 1990.


Tudo mudou em 1996, quando Sylvester Stalone filmava “Daylight” nos estúdios da Cinecittá, em Roma. Era um filme catástrofe e a produção lhe ofereceu um Panerai, por considerá-lo robusto o suficiente para tanta ação. O ator gostou tanto do relógio que encomendou logo 200 para presentear aos amigos. Um deles acabou na mesa do bilionário sul-africano Johann Ruppert, dono do Richemont Group, que, também fascinado com o objeto, achou que o melhor era comprar a empresa e passar a fabricar relógios para o público. Simples assim.


Em breve, assim que o Shopping Iguatemi JK resolver suas pendências com a prefeitura, será aberta em São Paulo a 39ª boutique Panerai e a primeira da América Latina. A decoração terá os elementos básicos das outras: madeira utilizada em veleiros clássicos, escotilhas, móveis inspirados nas ondulações marítimas, piso de mármore italiano. O relógio mais barato custará R$ 10,9 mil e o mais caro, R$ 382,9 mil. Em média, os preços deverão ficar 15% acima dos EUA, apesar de todos os malabarismos feitos pela empresa para compensar impostos e taxas de importação. Foi falando dessa chegad