Topo
17 maio 2012

Blue Chip

Coach de blogueira O balaio de códigos necessários para a moça atestar que é da mais fina estirpe está crescendo. Além de ir para Aspen nas férias, usar a última bolsa da Prada, o esmalte Chanel do momento e frequentar o restaurante mais cool, é preciso ter uma vitrine para mostrar isso ao mundo: um blog. Os já famosos blogs de moda – que mais parecem páginas pessoais das moças que mostram o “look do dia”, o que carregam na nécessaire e o “decór” da mesa do almoço de domingo – viraram itens de primeira necessidade para meninas de classe AAA. Um mundo em que é preciso ter blog para existir. Elas fazem o caminho inverso de quem há alguns anos começou a se interessar por internet, fuçava nas ferramentas e ia aprendendo com calma. As “bloguetes” de agora querem ir logo ao que interessa: ter banner publicitário, fazer post pago, ganhar brindes e ser convidadas para eventos das grifes. Para atingir rápido os objetivos, contratam uma espécie de “coach”, alguém que ensina o bê-a-bá do blog de sucesso. A filósofa e jornalista (e blogueira, claro) Liliane Ferrari dá aulas para turmas de 12 alunos por mês na Escola São Paulo, na ESPM e na Trevisan, para ensiná-los a existir virtualmente. Ela também dá alunas particulares, que demandam exclusividade da professora por ao menos três aulas de três horas cada. Cada hora de aula custa R$ 120. “A primeira pergunta de quem quer ser blogueira de moda normalmente é: ‘Como faço para ter um banner?’ Isso me preocupa, pois afinal ninguém abre uma padaria porque quer ganhar dinheiro, mas porque sabe fazer pão. Tento fazer as alunas começarem do começo e devolvo outras perguntas. O que seu blog vai ter de diferente? Por que vão escolher anunciar nele e não em outro?” O começo do trabalho é o mais básico possível. Na conversa, Liliane encontra o nicho em que o blog se especializará, apresenta às alunas o WordPress e dá até noções de como se dirige uma empresa – afinal, o objetivo final é que o blog tenha um faturamento considerável.


Coach de blogueira I Blogueiras bem-sucedidas chegam a ter 100 mil visitantes em um dia e faturar R$ 100 mil ao mês com o blog, conta Liliane. “Converso com as alunas, ajudo a encontrar um nicho, formato pautas, ensino quais ferramentas usar para colocar um blog no ar, que tipo de página criar no Facebook, Twitter e até noções de boas práticas.” E são várias. Depois de passadas as aulas, as perguntas continuam via e-mail ou Facebook e os questionamentos giram principalmente em torno da relação com as marcas. A moça recebe um produto em casa. Deve ou não falar dele no blog? E se recebe a roupa e não gosta, fala do mesmo jeito? A sugestão de Liliane é para que a blogueira em questão agradeça pelo mimo e depois reflita sobre as verdadeiras intenções da empresa com o regalo. “As meninas têm que entender qual foi o tipo de abordagem. Se a marca convidou para o evento apenas para relacionamento ou se na verdade aquele convite tinha implícito uma intenção de cobertura.” Perguntas como “o que é RPA?” também são constantes. Afinal, é o começo de uma empresa. Mas, os maiores pecados das moças, aponta Liliane, são ainda muito mais básicos. “Há por aí nos blogs muitos erros de português, além de muitas meninas querendo explicar o que não sabem, falar sobre o que nem pesquisaram.”


Superlotação atrás do balcão As lojas da rua Oscar Freire nunca tiveram tantas vendedoras. E não é reforço para as vendas de Dia dos Namorados, não. Grifes que contrataram funcionários para o JK tiveram de agrupá-los em suas lojas atuais até que o imbróglio da abertura do shopping se resolva