Com atividade fraca, serviço sobe menos




Por Arícia Martins | De São Paulo


Apesar de seguirem acima da inflação cheia, os preços de serviços estão contribuindo para a desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a despeito do mercado de trabalho ainda forte e ganhos salariais robustos. A alta em 12 meses do grupo, considerado como o mais resistente no cálculo da inflação, vem diminuindo desde o início do ano e passou de 7,99% para 7,59% entre abril e maio. Nesse período, o IPCA recuou de 5,1% para 4,99% no acumulado em 12 meses, menor taxa desde setembro de 2010.


A análise mensal também mostra a mesma tendência. Em maio, os serviços aumentaram 0,21%, após elevação de 0,76% em abril, período em que a inflação geral surpreendeu economistas e passou de 0,64% para 0,36%, com pressão menor em seis dos nove grupos pesquisados pelo IBGE. Onze instituições consultadas pelo Valor Data esperavam, em média, taxa de 0,43%. Analistas ainda divergem sobre os possíveis efeitos do enfraquecimento da atividade econômica nos preços, mas ganha espaço a ideia de que os três trimestres seguidos de estagnação econômica já moderaram os repasses em serviços.



Mesmo excluindo-se as passagens aéreas – o item caiu 10,8% no IPCA de maio e é considerado um serviço, segundo a atual classificação do Banco Central -, o grupo ainda mostra desaceleração consistente no indicador oficial de inflação, de 0,73% para 0,40% entre abril e o mês passado, segundo cálculos da Tendências Consultoria. Nos primeiros cinco meses do ano, a inflação de serviços acumulada é de 3,8%, mais de um ponto percentual abaixo dos 4,9% registrados até maio de 2011.


Fabio Romão, da LCA Consultores, observa que, mesmo com o reajuste de mais de 14% do salário mínimo e uma inflação de 6,5% no ano passado como indexadora dos preços, a alta acumulada de janeiro a maio pelos serviços pessoais este ano é a mesma do ano passado: 5,1%. “Essa é uma tendência que pode dar um diferencial para baixo na inflação ao fim do ano”, diz Romão, que projeta aumento de 4,8% para o IPCA em 2012.


Após a surpresa negativa com o primeiro trimestre, quando a economia avançou apenas 0,2% sobre o trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, houve uma nova rodada de revisões nas estimativas para a alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012. A percepção é que o crescimento não passará da faixa entre 2% e 2,5% – abaixo, portanto, dos 2,7% do ano passado. O pessimismo com a evolução da economia, por outro lado, torna ainda mais tranquilo o cenário inflacionário e deixa o Banco Central mais à vontade para cortar os juros.


Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, os sinais de atividade mais fraca também estão no recuo da inflação nos últimos 12 meses. Para ele, a trajetória de desaceleração está mais rápida do que o previsto. Após o resultado de maio, Vale cortou de 5,3% para 5% a projeção para a alta do IPCA em 2012, revisão alinhada com a expectativa de crescimento fraco para o PIB. “Há dificuldade de crescer mesmo 2% este ano. Por outro lado, isso ajuda muito na perspectiva do IPCA.”


Nesse cenário, a alta da moeda americana, que já foi capturada pelos índices do atacado, não preocupa o economista da MB, já que vem a

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