O Brasil precisa fornecer subsídios a sua indústria têxtil e de confecção para que ela possa competir em igualdade de condições com os produtos importados que ameaçam a sobrevivência do setor. Essa foi a principal conclusão da audiência pública da Frente Parlamentar Mista José Alencar para o Desenvolvimento da Indústria Têxtil e de Confecção do Brasil, realizada no dia 5 de julho na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em Curitiba. O encontro, que foi o primeiro realizado pela Frente fora de Brasília este ano, contou com a presença de empresários e integrantes de entidades representativas das indústrias e dos trabalhadores do segmento. Durante a reunião, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, apresentou um amplo panorama do setor, destacando que o principal problema enfrentado pelas empresas nacionais, principalmente na confecção, é a forte concorrência que vem sofrendo com produtos vindos de países que subsidiam a produção e exportação de peças de vestuário. Ele apontou como prova os sucessivos déficits enfrentados pelo setor há cinco anos. Segundo Diniz, no ano passado, por exemplo, as importações de vestuário superaram as exportações em U$ 3,5 bilhões. Para 2011, a previsão da Abit é que esse valor salte para U$ 5,2 bilhões, fazendo com que a indústria têxtil e confecção deixem de gerar 200 mil postos de trabalho este ano. Apesar das dificuldades, Diniz Filho acredita em mudanças positivas para o setor. Segundo ele, isso ficou claro em recentes reuniões promovidas pela Frente Parlamentar e pela Abit com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. ?O que mostramos a eles é que não queremos favores ou benefícios. A ABIT não é contra as importações, mas queremos uma competição igualitária?, concluiu. União faz a força As perspectivas são tão preocupantes no setor que uniu, do mesmo lado, empresários e empregados na audiência pública. Eunice Cabral, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Setor Têxtil, Vestuário, Couro e Calçados (Conaccovest), ressaltou a necessidade de juntar forças para defesa da indústria têxtil nacional. ?Só vamos conseguir avançar se atuarmos de forma tripartite, com a união de trabalhadores, empresários e governo. Trabalho há mais de 40 anos no setor e aprendi tudo o que sei dentro da fábrica. Hoje, os empresários já não têm mais como fazer esse treinamento por causa da perda de competitividade?, reclamou. O empresário Marcelo Surek, presidente do Sinditêxtil-Paraná, concordou: ?Hoje temos que nos preocupar em sobreviver. Queremos condições para preservar os empregos, com nossas empresas crescendo, e é a união que vai fazer com que o governo se sensibilize para agir em prol de nossas indústrias?, declarou. Para o vice-presidente da Fiep, Edson Luiz Campagnolo, que também é empresário do setor, a união da indústria do vestuário é fundamental para conseguir mudanças que melhorem o panorama atual. ?Temos sofrido uma das concorrências mais desleais com produtos importados. A água já passou do pescoço e o setor não aguenta muito mais tempo. Por isso é necessário acelerar esse processo de levantamento das demandas de cada estado para que, mobilizados, possamos levar as reivindicações ao governo federal?, convocou o dirigente. O deputado federal Zeca Dirceu (PT), coordenador da Frente Parlamentar no Estado, afirmou que as demandas levantadas durante a audiência pública em Curitiba serão levadas ao governo federal e aos mais de 260 congressistas que compõem o grupo. ?O setor do vestuário é importante para o Paraná e vem ajudando o país a crescer. Mas ele preci