Topo
Sindivestuário / Indústria da Moda & Negócios  / Pelos desfiles em Paris, o inverno vai ser uma barra
4 mar 2011

Pelos desfiles em Paris, o inverno vai ser uma barra

A julgar pelos desfiles da semana de Paris, será uma barra. Cheia de fechos e botões, eventualmente arrematada por peles cabeludas. Digo isso, porque a constante nas coleções é o casaco, suéter ou vestido, todos modelos cortados em barras, como se fossem desmembráveis. Um casaco, por exemplo, se divide em três barras horizontais, unidas por fechos. O último pode ser acionado, e o casaco fica mais curtinho. Uma calça, por mais estreita que seja, também pode ser dividida em duas partes, de lã até pouco abaixo dos joelhos e dali para baixo, de couro.

Quem fez isso? Marcel Marongiu como estilista de Guy Laroche usou botões nos casacos; Barbara Bui encheu de zípers seus blusões meio motoqueiros, meio Perfecto. Ann Demeulemester também desenvolveu encima das jaquetas de couro e caiu nos zípers.

Couro? Demais, nas coleções. Preto, em geral, com aberturas para caramelos queimados e verniz verde. Vale também o verniz preto nos sapatos muito abertos – os pés vão gelar. Mas há muito mais couros do que peles. Além das lãs peludas, e dos pelos longos de caras tibetanas. Pelo menos até hoje, terceiro dia das coleções.

A alfaiataria lidera a forma geral, mas tem seus toques extravagantes. Como os paletós com extensões nas costas, quase casacas; as saias longas e retas da Demeulemeester – ela está em alta, de novo. Com seus paletós, jaquetas e saias, quase tudo em preto, austero, mas bem feminino.

Rick Owens sai um pouco desta rigidez de alfaiataria, porque gosta do estilo mais embrulhado, com couros e nylons servindo de matérias para capas e blusões. Ele é visionário, antecipa cortes e modelagens, mas ainda não será nesta estação que vai virar tendência. O apelo dos fechos e cortes certinhos é muito forte.

É interessante notar como nomes de segunda linha, como Bárbara Bui, (sem querer desprestigiar a estilista talentosa), estão depurando estilos, sem resultados banais. Esta coleção se impôs pelos tais casacos em barras, cada uma de uma textura (malha, verniz, pelo), com volumes fortes. Em compensação, as pernas são sempre finas, longas, cobertas por calças slim de couro stretch e verniz, arrematadas por botinhas bordadas, lindas. Uma silhueta jovem, moderna e viável.

Falando em silhueta jovem, Balmain ficou para o final. Impressionante como ainda não se esgotou o filão do rock e do sexy! A grife que Christophe Decarnin tirou do ostracismo onde moram as marcas conservadoras e antigas, continua no estilo das camisetas cavadas, dos bordados em jaquetas e das saias curtas. Só o jeans deu uma sumida, aparentemente sobrou alguma coisa gênero cinco-bolsos em branco. Mas tenho a impressão que o consumo vai mais para o jeito do Hakaan e da Bárbara Bui do que para Balmain ou Rick Owens. Repito: Owens é muito bom, mas avançado para esta época. Até o Gareth Pugh, que começou tão conceitual, seguiu direitinho a cartilha do preto, dos fechos e das texturas diferentes.


 


Fonte:Terra


http://moda.terra.com.br/noticias/0,,OI4972542-EI1119,00-Pelos+desfiles+em+Paris+o+inverno+vai+ser+uma+barra.html