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31 mar 2011

Magazines se rendem à demanda das classes C e D por tendências de moda

Quando o estilista Karl Lagerfeld lançou sua primeira coleção popular, para a rede europeia H&M, em 2004, criou com ela uma tradição: filas e mais filas em frente às lojas de departamento para garantir a peça renomada por um preço bem mais acessível. Desde então, madrugar antes do lançamento de coleções estreladas em lojas populares é uma cultura forte nos Estados Unidos e na Europa, que agora promete pegar também no Brasil.

Grandes magazines brasileiras como Riachuelo e C&A encontraram a solução para fortalecer o conceito de fast fashion no País. Em vez de apenas investir em coleções permanentes que contenham informação de moda e, principalmente, tendência de moda, apostaram em “coleções-cápsula”, criadas por estilistas renomados e com uma quantidade de peças limitada. ?Estamos vivendo uma fase de democratização da informação, que vem principalmente do processo de inclusão digital” afirma Flávio Rocha, vice-presidente da Riachuelo .

O conceito não é novidade. Em 2001 a Riachuelo já havia convidado o estilista Fause Haten para assinar uma coleção da marca Haten F. A boa nova é que hoje consumidores de lojas de departamento, que têm as classes C e D na base da pirâmide, valorizam muito mais esse tipo de produto. Graças à facilidade de acesso à informação sobre moda, antes restrita a revistas caras e hoje disponível gratuitamente numa infinidade de blogs, as pessoas querem consumir moda, não apenas roupa.

Outras lojas de departamento, como Marisa e Renner, não investiram em parcerias com estilistas, mas lançaram coleções que abrangem cada vez mais o que é tendência. Quer um exemplo? A Marisa levou pra sua coleção de inverno 2011 hits da moda internacional, como animal print (estampas de oncinha etc) e o estilo lady like (inspirado na moda dos anos 50), enquanto a Renner apostou em versões para “it bags” (ou bolsas do momento), como a Alexa da Mulberry e a Classic da Celine. ?Tivemos que nos adaptar, pois hoje a consumidora que pertence às classes C e D tem tanta informação de moda quanto a das classes mais altas. Todo mundo quer consumir tendências?, afirma Roberto Sampaio, diretor de compras das Lojas Marisa.

Moda rápida, para uma estação

O conceito de fast fashion é simples. Levar ao mercado popular o que é apresentado no mercado de luxo, de maneira rápida, ou seja, logo que a tendência é apresentada nos desfiles da temporada, só que por um preço acessível, o que significa que a peça até tem qualidade, mas apenas o suficiente para durar uma estação.


Esse é um conceito que democratiza o consumo de moda, pois atende tanto às mulheres que nunca teriam acesso ao mercado de luxo quanto àquelas que fazem parte dele, mas querem comprar peças de seus estilistas preferidos por um valor mais baixo. ?Os clientes fiéis ao estilista sempre vão conferir o resultado das coleções que eles assinam para a C&A e quando veem a qualidade e percebem as características do estilista na peça, acabam comprando produtos da coleção. Já os nossos clientes fiéis gostam de conferir as novidades e adoram a ideia de comprar peças de estilistas renomados a um preço acessível?, afirma Elio França, diretor de marketing da C&A.

Em novembro de 2010, a Riachuelo lançou a coleção Rio de Janeiro, por Oskar Metsavaht. Na época do lançamento, Oskar, estilista da Osklen, fez questão de ressaltar seu real envolvimento com a coleção. ?Estou envolvido em todo o processo de criação. Desde a escolha dos tecidos até o vídeo publicitário da campanha. Não coloco só o meu nome, é o meu estilo que está ali?, disse o estilista quando a coleção foi apresentada. O expertise de Oskar, aliado à produção em larga escala da Riachuelo, garantiram o sucesso de vendas.