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10 jun 2013

Guarda-roupa da sexta-feira casual também exige limites

SÃO PAULO  –  Sexta-feira é o dia em que muitas empresas afrouxam as regras de vestuário e permitem que os funcionários se vistam com estilo mais casual. Mas há diferençaentre deixar o terno em casa e escolher um traje que vai chamar a atenção dos colegas pela, digamos, criatividade. Qual foi a última vez que você viu alguém se vestir de forma inadequada no ambiente de trabalho? A julgar por uma nova pesquisa da consultoria de recrutamento Robert Half, não deve fazer muito tempo – principalmente se você for brasileiro.

A consultoria perguntou a 1.775 diretores de recursos humanos de 19 países, entre eles o Brasil, com que frequência eles viam funcionários da empresa se vestirem de forma imprópria ou incomum. No mundo todo, 9% disseram que isso acontece “com muita frequência”, 42%, “com certa frequência”, e quase metade, 49%, nunca reportaram o ocorrido. Já no Brasil, mais do que o dobro (22%) reparam em colegas malvestidos com muita frequência – é o país onde isso mais aconteceu. Mais da metade, 54%, o fazem com certa frequência. Apenas 24% nunca repararam em colegas com roupas inapropriadas.

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Para não errar, a resposta é camisa clara e terno escuro

Para o gerente da divisão de vendas e marketing da Robert Half no Brasil, Jorge Martins, a falta de alinhamento entre o estilo do profissional e a cultura da empresa pode representar pouca identificação do funcionário com o lugar de trabalho – e com o trabalho em si. Isso se mostra ainda mais importante no início desse relacionamento: na entrevista de emprego. “Basicamente, é preciso se identificar com o perfil da empresa. Entender onde está indo e como está indo”, diz o diretor, que recomenda aos clientes da consultoria que o estilo da roupa usado nesse primeiro momento passe a mensagem de que o profissional se encaixa ali. Por exemplo, alguém que não gosta de usar terno pode se tornar eventualmente frustrado ao trabalhar em uma empresa formal, onde esse tipo de vestimenta é obrigatório.
Já quando a intenção é trabalhar em companhias mais informais – Martins destaca as de tecnologia, empresas da área de criação, como agências de publicidade, e grupos de varejo, que estão passando por um processo de modernização nesse sentido – apostar num terno pode ter o efeito contrário. “Você pode ser mal avaliado porque não entendeu o espírito da empresa”, diz. Mesmo assim, é importante não exagerar. “O recrutador pode estar de calça jeans e tênis, mas o ideal é você colocar uma calça social, blusa de botão e sapatênis. Não precisa ficar tão sofisticado, mas não precisa ir como ele – porque ele já está ali. É importante mostrar que você se preparou um pouco”, recomenda.

Mesmo depois de garantida a vaga, a roupa continua a ter um papel importante na carreira. Em todo o mundo, 50% dos executivos entrevistados pela pesquisa da Robert Half acham que o estilo de se vestir influencia “pelo menos um pouco” na chance de ser promovido. Outros 22% acham que influencia bastante. No Brasil, esses números são ainda maiores – 45% acham que a roupa influencia significativamente, enquanto 41% consideram que influencia pelo menos um pouco. Só 14% acham que não importa em nada.

Segundo Martins, o brasileiro é bastante conservador nesse sentido – e qualquer deslize pode acabar em atenção indesejada. “Quanto mais você chama a atenção no trabalho, mais observado, analisado e criticado será”, diz. A dica do diretor é prestar atenção nos níveis mais altos da hierarquia da organização: observar o chefe direto e o chefe dele, além de mais um superior de outro departamento, se a companhia for muito grande. “Eles estão te passando uma mensagem. Quando você é avaliado, é por esse grupo”, explica. No caso do chefe de uma área além da sua, é interessante para analisar se o seu próprio departamento está alinhado com o resto da companhia.

>>> Como não errar em uma entrevista de emprego:

Segundo Martins, tudo depende do perfil da empresa, e na capacidade de dosar essa percepção com a sua personalidade. Acertar no guarda-roupa é mais um elemento que pode ou não mostrar que você é o candidato certo para a vaga desejada.

– Para homens e no caso de entrevistas em empresas mais formais – que ainda são a maioria –, Martins recomenda como traje “coringa” o uso de terno preto, camisa clara (branca ou azul) e gravata vermelha. “Dá para usar numa entrevista de emprego, num casamento ou num evento à noite”, diz. Se a entrevista não for tão formal, calça social, camisa de botão e manga cumprida e sapato são suficientes.

– Já no caso de mulheres, a recomendação é um terninho ou tailleur. Em períodos de muito calor, pode-se usar um vestido que não seja muito curto e com algum tipo de paletó por cima. O ideal é evitar acessórios que chamem muito atenção, bem como decotes muito grandes.

(Letícia Arcoverde | Valor)
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