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4 fev 2013

Classe C cresce e pressiona preços de serviços

Nos últimos quatro anos, a consultora de vendas Patrícia Mota cursou faculdade, transferiu a filha de 12 anos da escola pública para a particular, instalou internet e TV por assinatura em casa e passou a frequentar salões de beleza. Além disso, contratou uma empresa de limpeza para fazer periodicamente a faxina de sua casa, o que permite a ela aproveitar os fins de semana com a família.

Nesses quatro anos, o salário de Patrícia, que era de R$ 900 por mês, quadruplicou. “Sempre batalhei. Agora, tenho reconhecimento e posso dar uma vida mais confortável para minha família”, diz a consultora, que também é mãe de um menino de quatro anos.

A assistente de recursos humanos Edilaine Martins Borges conta história parecida. Ela viu seu salário subir depois que entrou na faculdade, há cerca de um ano e meio. Com a renda extra, Edilaine planeja pagar um curso de inglês para a filha Larissa, de 15 anos, que já estuda em escola privada há três anos.

O aumento da renda, diz Edilaine, garantiu maior contato entre mãe e filha. “Agora, vamos juntas ao cabeleireiro, à manicure e às sessões de depilação. Temos mais tempo para nós”, afirma. Recentemente, ela comprou um carro e não hesitou em fazer uma despesa a mais para colocá-lo no seguro.

Patrícia e Edilaine são representantes de uma classe média que, nos últimos anos, está mudando o perfil do Brasil. De 2002 a 2012, a classe média brasileira ganhou 37 milhões de novos participantes, pessoas que deixaram de apenas sobreviver para se tornarem consumidores. Esse fenômeno, que elevou de 38% para 52% a participação da classe C na pirâmide social do país, ampliou a demanda por serviços em cerca de 33%, segundo levantamento do Data Popular. Uma década atrás, a classe média gastava 49,7% de sua renda com serviços. Neste ano, a expectativa é que tais despesas cheguem a 66,3% dos rendimentos.

“Os fartos reajustes no salário mínimo, o aumento e a formalização do emprego nos últimos anos levaram a esse cenário”, diz o sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles. Entre 2002 e 2012, o salário mínimo subiu 172,5%, superando de longe a inflação no período, de 76,6%. O resultado foi um ganho real de 54,3% nesse intervalo, o que influenciou os acordos salariais, principalmente das categorias de menor rendimento.

A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostra que, de 2007 para 2011, o aumento salarial real dos 20% da população com menor renda foi de 36,8%, ao passo que o reajuste para os 10% mais abonados foi de 7,9%. Ou seja, quanto menor o salário, maior o reajuste.

Paralelamente ao avanço do rendimento, o país presenciou a queda no desemprego, com a taxa de desocupação passando de 9,3% para 6% nesse mesmo intervalo. A expectativa dos economistas é que em 2012 esse percentual seja ainda mais baixo, em torno de 5,5%.

“O setor de serviços é o principal gerador de emprego e renda no país. Ele é responsável pelos dois lados da moeda. Por um lado, é o que mais contribui para a expansão do consumo e, por outro, sofre os impactos dos aumentos de cust