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5 maio 2009

Carta IEDI nº 361 – Perspectivas da Economia Mundial: Recessão Severa e Prolongada

Em razão do agravamento da crise global, as estimativas de desempenho da economia mundial em 2009 e 2010 foram revistas para baixo pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) no seu recém-publicado relatório semestral World Economic Outlook (disponível em http://www.imf.org). De acordo com as novas projeções, após crescer 3,2% em 2008, o produto mundial deverá registrar variação real negativa de 1,3% em 2009, pela primeira vez em mais de 60 anos. Em 2010, as projeções indicam modesta recuperação, com crescimento real do PIB da ordem de 2,2%.


Na avaliação do Fundo, a dramática escalada da crise financeira a partir de setembro de 2008 provocou uma contração sem precedentes na atividade econômica e no comércio mundial. Não obstante as inúmeras medidas para fortalecimento do sistema financeiro e o contínuo uso das políticas macroeconômicas para estimular a demanda agregada, a aguda crise de confiança nas instituições financeiras não foi superada, como também não foi quebrado o círculo vicioso entre atividade econômica em queda e as intensas tensões nos mercados financeiros.


As projeções indicam que a severa recessão mundial será puxada pelas principais economias avançadas que, em conjunto, irão registrar contração do PIB em 3,8% em 2009 e permanecerão estagnadas em 2010. Todavia, a recessão deverá ser mais profunda no Japão e na Área do Euro, em razão da forte contração das exportações, com queda real do PIB estimada, respectivamente, em 6,2% e 4,2% em 2009. Em contraste, nos Estados Unidos, epicentro da crise, a retração do PIB foi estimada em 2,8% em 2009, com variação nula em 2010. Na avaliação do Fundo, a recessão norte-americana foi resultado da combinação da contração do crédito, da queda dos preços dos ativos, em particular dos imóveis e ações, e da grande incerteza e desconfiança em relação ao sistema financeiro. Esses fatores também afetaram em graus variados o resto do mundo.


Na Área do Euro, as projeções também indicam que a recessão deve se prolongar até 2010, com declínio do PIB real de 0,4%, puxado pela economia alemã, que deverá registrar decréscimo do produto real tanto em 2009 (?5,2%) como em 2010 (?1,0%). Igualmente, as previsões indicam recessão prolongada na Itália e na Espanha. Já na França, de acordo com as estimativas do Fundo, após encolher 3,0% em 2009, a economia deverá iniciar a recuperação em 2010, com variação positiva do PIB de 0,4%.


A recessão nas principais economias avançadas deverá impactar o desempenho dos países emergentes e em desenvolvimento, tanto pela via do comércio exterior como pela via dos fluxos de capitais. As estimativas apontam para forte desaceleração no ritmo de crescimento dessas economias, com as taxas de crescimento do PIB declinando de 6,1% em 2008 para apenas 1,6% em 2009, com recuperação moderada em 2010 (4,0%).


De acordo com as estimativas do Fundo, a economia da China que vinha crescendo a dois dígitos até 2007, deverá registrar menor dinamismo em 2009, com aumento real do PIB estimado em 6,5% em 2009 e de 7,5% em 2010 (contra 9,0% em 2008). Também a Índia deverá registrar forte desaceleração em 2009, com taxa de variação real do PIB declinando para 4,5% (ante 7,3% em 2008). Já para a Rússia, as projeções indicam expressiva contração da atividade econômica, com variação real de ?6,08% em 2009 (contra +5,5% em 2008) e crescimento diminuto em 2010 (0,5%).


Nesse contexto de severa recessão das economias avançadas e de arrefecimento da China e da Índia, os países em desenvolvimento deverão registrar forte desaceleração em 2009, com incremento do PIB real caindo para 1,6 % (contra 6,1% em 2008). Para 2010, as projeções indicam uma expansão moderada da ordem de 4,0%.