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16 maio 2012

Importação cai em vários setores de bens de consumo

O recuo na importação brasileira em abril chegou a segmentos que ainda mantinham um pouco mais de fôlego nos desembarques, alcançando não só setores relacionados a matérias-primas e intermediários como também a bens de consumo. A queda de importação ou a forte desaceleração nos desembarques de alguns setores são considerados indicadores de uma demanda doméstica mais enfraquecida e reflexo de uma produção industrial desacelerada. Representantes de setores como calçados, têxtil e vestuário indicam também influência da “Maré Vermelha”, fiscalização da Receita Federal com verificação física no desembarque de mercadorias deflagrada em março.


Segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), em abril a importação de veículos apresentou queda de 6,9% na comparação com o mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, há crescimento de 3% em relação ao primeiro quadrimestre de 2011. A importação de material eletrônico e de comunicações também teve queda de importação em abril, de 7,6%, comportamento que contrasta com o do acumulado do ano, período no qual houve crescimento de 3%


Segmentos de não duráveis também apresentaram desaceleração forte ou queda em abril. A importação de confecções, em abril, cresceu 11,9%. No acumulado do ano, a elevação é de 40,9%. A preparação de couros e calçados teve queda em abril de 25,5%. No acumulado, o aumento é de 0,8%. Rodrigo Branco, economista da Funcex, lembra que os dados de abril mostram um recuo ou desaceleração de importação mais generalizado entre os segmentos de bens de consumo. “Nos meses anteriores a desaceleração já estava mais forte nos bens de consumo duráveis. Em abril ela chegou a segmentos com menor elasticidade, como calçados e vestuário, o que é indício de demanda doméstica menos aquecida.”


Heitor Klein, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), diz que um dos fatores mais importantes para a redução na importação do setor em abril deve ser creditada à fiscalização “Maré Vermelha”. A operação foi deflagrada em 19 de março, mas, segundo ele, teve resultados maiores a partir de abril, como também aponta Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).


Os dois também acreditam que há um componente de sazonalidade, já que abril é um mês de entressafra entre coleções. “Mas há também uma esperada retração no ritmo de aumento do consumo doméstico. Depois de três anos de crescimento no volume de vendas no varejo do setor, o mercado chega a um nível de saturação já previsto para este ano”, acredita Klein. Ulrich Kuhn, presidente do Sinditex, que reúne indústrias de têxteis e vestuário de Blumenau, faz análise semelhante. “Essas importações que desembarcaram em abril foram encomendadas, em média, seis meses antes. Ou seja, não há influência da atual desvalorização do real frente ao dólar, mas é reflexo de uma saturação do mercado que talvez leve o ritmo importação a uma estabilização ou desaceleração nos próximos meses.”


O professor da Unicamp e consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Indu