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16 nov 2012

Vendas varejistas sofrem um recuo temporário

O Estado de S.Paulo


No mês de setembro, o comércio varejista restrito apresentou, em termos dessazonalizados, um crescimentos de 0,3%. Já o comércio ampliado, que inclui as vendas do setor automobilístico e de material de construção, sofreu queda de 9,2%, concentrada nas vendas de automóveis, que caíram 22,6%. A desaceleração é normal neste período do ano. No mês anterior já se registrara queda de 0,2%, porém, no acumulado do ano, o crescimento foi de 8,9%, o que significa que a situação do comércio não é de preocupar.



O sinal mais alarmante seria o do setor de veículos, com o maior recuo da história do varejo desde que existe este levantamento feito pelo IBGE. Mas o resultado tem diversas explicações: primeiro, que setembro teve 19 dias úteis, ante 23 em agosto; e segundo, o regime de financiamentos do BNDES para caminhões foi estabelecido só em 20 de setembro. De qualquer modo, verifica-se o efeito que a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) tem sobre a atividade: o anúncio da prorrogação dessa redução até o fim do ano deixou mais espaço para as compras.


Mais interessante parece ser a evolução do comércio restrito, que reage de modo diferente do ampliado. Convém, em primeiro lugar, notar que o nível de endividamento das famílias obriga a economizar, especialmente para poder gastar mais nas festas do final do ano. É sintomático que os setores que acusam queda sejam essencialmente os que terão de trabalhar mais para as festas natalinas: tecidos, vestuário, calçados, móveis e eletrodomésticos e, especialmente, equipamentos de informática, que recuaram 9,2%. Os outros ramos seguem crescendo no ritmo dos últimos meses.


Existe, porém, um fator novo que certamente está contribuindo para reduzir as vendas varejistas: a indústria, que procurou substituir componentes nacionais por estrangeiros com a desvalorização do real ante o dólar, está perdendo essa vantagem em alguns produtos e reduziu suas importações, voltando a produzir alguns bens. Mas isso se está traduzindo por preços mais caros, que levam os consumidores a reduzir ou adiar suas compras.


O afrouxamento das compras varejistas, porém, é provisório. Anteontem, a Serasa Experian assinalava que a demanda de crédito pelos consumidores estava se recuperando e havia crescido 17,2% em outubro.


É possível que o resultado de setembro afete a projeção do Banco Central (IBC-Br) para o PIB do 3.º trimestre, para o qual o governo havia anunciado uma recuperação que não se está comprovando.