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22 jun 2020

Startup que transforma leite em camiseta busca apoio chinês

Uma startup sediada em Los Angeles que transforma leite não utilizado em roupas sustentáveis está em negociações com grandes laticínios na China para formação de parcerias estratégicas, informou o presidente e fundador da empresa.

Robert Luo, da Mi Terro, disse que está discutindo investimentos com companhias de laticínios que dominam o mercado chinês, onde a startup obtém matéria-prima. Desde o lançamento da linha de camisetas de tecido produzido a partir de leite excedente, em junho de 2019, a Mi Terro gerou mais de US$ 100.000 em receita com vendas online para clientes em mais de 40 países, afirmou Luo em entrevista.

Foto: Reprodução/Mi Terro

A Mi Terro é uma entre muitas pequenas marcas de vestuário que atendem ao crescente desejo dos consumidores de comprar de empresas que operam de maneira sustentável, em um setor conhecido por desperdício e produção excessiva. Empresas de pequeno e médio porte representam aproximadamente metade da indústria da moda e estão bem posicionadas para inovar em sustentabilidade, segundo um estudo de 2019 coordenado pelo Centro para Moda Sustentável.

A inspiração de Luo não veio do desperdício de roupas, mas de comida. Durante uma visita à fazenda de gado leiteiro de seu tio na China, ele viu “baldes e baldes” de leite estragado e descartado sem uso. “Percebi um problema enorme sobre o qual não falamos o suficiente”, disse ele.

Quando voltou para os EUA, ele se uniu a um amigo de infância com formação em química e engenharia de materiais para encontrar um meio de utilizar o que era descartado. Após três meses de pesquisa, eles começaram a elaborar uma solução capaz de extrair a caseína (um tipo de proteína) do leite e transformá-lo em fibra. As gorduras são removidas antes da desidratação para obter leite em pó. As proteínas são então isoladas e solidificadas na forma de fibras que são esticadas e transformadas em fios prontos para uso na confecção de roupas.

Muito além do vestuário

A Mi Terro pretende se lançar na China em 18 de junho e no Japão nos próximos dois meses. A empresa assinou memorandos de interesse com grandes marcas de moda casual, mas precisa de apoio estratégico e financeiro para aumentar sua capacidade e acompanhar a demanda, explicou Luo.

Em 2019, a empresa lançou duas campanhas de financiamento coletivo na plataforma Kickstarter que atingiram rapidamente suas metas. A aceleradora de startups Lair East Labs está entre suas apoiadoras. A Mi Terro está agora no processo de arrecadar US$ 800.000 em novos investimentos, segundo Luo, idealmente de parceiros estratégicos na China e em outros países.

Os investimentos de capital de risco em projetos de vestuário e calçados saltaram de US$ 43,5 milhões em 2007 para US$ 560,6 milhões em 2017, de acordo com um relatório elaborado no ano passado pela McKinsey e pela publicação Business of Fashion.

A startup se prepara para expandir a tecnologia de transformação de alimento desperdiçado além do ramo da moda. A companhia está trabalhando em uma nova tecnologia que ajude empresas de laticínios a transformar resíduo de soro de leite em filme biodegradável para embalagens de alimentos, informou Luo. Ele espera que seu modelo de negócios abandone gradualmente a venda direta a consumidores. A Mi Terro quer licenciar suas tecnologias no futuro próximo e está percorrendo o processo de solicitação de patentes na China, segundo ele.

FONTE: Valor Econômico