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7 nov 2019

Moda sustentável: iniciativas do mercado para reduzir poluição do meio ambiente

O crescimento da indústria da moda é indiscutível, assim como seu impacto no ecossistema. Estima-se que, por segundo, o equivalente a um caminhão de lixo em descartes do setor têxtil seja incinerado ou descartado em aterros.

Em busca de reduzir seu próprio impacto, bem como o de outros setores, empresas de moda vêm pensando em soluções amigáveis para o meio ambiente, que vão de roupas feitas com plástico reciclado à calcinhas absorventes duráveis.

Algumas dessas iniciativas vieram após divulgação do relatório “A new textiles economy: Redesigning fashion’s future”, lançado em novembro de 2018 pela Ellen MacArthur Foundation.

O texto, elaborado com o apoio da estilista Stella McCartney, propõe reflexões acerca da durabilidade e do descarte de roupas, além de trazer para o debate a forma globalizada de produção de peças.

De acordo com o texto, a lógica de produção em que o desenho das peças acontece num país diferente do que as produz, bem como a comercialização dessas roupas em todo o mundo, é responsável por 1.2 bilhão de toneladas de gases causadores do efeito estufa por ano.

Os impactos da “fast fashion”

A ascensão da classe média ao redor do mundo e as rápidas mudanças nas tendências de moda, fizeram com que a produção de roupas em escala global praticamente dobrasse nos últimos 15 anos, segundo dados fornecidos pela Ellen MacArthur Foundation.

Além do impacto ambiental causado pelo expressivo volume de produção, o descarte de peças pouco usadas também é um importante fator a ser observado.

Se por um lado o consumidor médio aumentou sua frequência de consumo, por outro, diminuiu o tempo de uso das peças adquiridas em praticamente metade.

O resultado desta conta se mostra em aterros sanitários espalhados pelo planeta: 82.7 bilhões de quilos de roupas são descartados mundialmente todos os anos.

Os empregos da moda rápida

Os impactos sociais causados pela produção acelerada de peças de vestimenta ao redor do mundo também são bastante elevados e, em muitos cenários, nocivos.

O relatório “List of Goods Produced by Child Labor or Forced Labor”, elaborado pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, apontou a existência de trabalho infantil e análogo à escravidão ligados à indústria da moda em países como Argentina, Índia, Brasil e China, entre outros.

Em Novembro de 2018, uma operação deflagrada pelo Ministério do Trabalho brasileiro constatou que empresas terceirizadas ligadas à uma grife de luxo expunham trabalhadores a jornadas de trabalho de até 14 horas diárias, sem registro em carteira e com remuneração abaixo do salário mínimo.

Esta condição, infelizmente, não é exclusividade de apenas uma marca.

Frente a este cenário, empresas de confecção e redes varejistas no Brasil têm lançado políticas de monitoramento e ações de transparência quanto a origem de seus produtos.

Medidas ambientais

Além do impacto ambiental causado pelo descarte de peças, e dos reflexos sociais de uma forma de consumo que beira o insustentável, a produção têxtil em larga escala consome recursos naturais em grande quantidade.

A confecção de uma camiseta de algodão, por exemplo, utiliza 2.700 litros de água.

Contudo, algumas medidas podem ser adotadas com o intuito de reduzir os efeitos da produção têxtil no meio ambiente.

A utilização do linho e do bambu em detrimento do algodão, por exemplo, é uma excelente saída.

De cultivo mais rápido e com menor desgaste do solo, essas fibras demandam de 10 a 45 vezes menos utilização de água em sua produção, além de dispensarem o uso de agrotóxicos.

Para efeito de cálculos, um quilo de viscose de bambu consome cerca de 640 litros de água para ser produzido. A mesma quantidade de fibra de algodão pode consumir até 29 mil litros.

A utilização de materiais descartados e a reciclagem de peças também têm papel fundamental no processo de tornar a indústria da moda mais sustentável.

As vantagens do upcycling

A moda é uma forma de comunicação. Conseguimos, por meio das roupas escolhidas, transmitir um pouco de nossa personalidade, valores e formas de viver e encarar o mundo.

Com base nessa condição, a indústria têxtil cria peças e dita tendências com o objetivo de nos levar a consumir cada vez mais, o que pode terminar massificando o que antes seria a expressão particular de cada indivíduo.

Neste cenário, o upcycling traz benefícios tanto para a moda enquanto linguagem quanto para o meio ambiente.

O termo upcycling significa reaproveitar peças antigas que seriam descartadas de modo criativo e cheio de personalidade.

Transformar uma calça jeans velha em bolsa, ou uma camiseta que pode ser ressignificada numa cropped sem mangas são excelentes exemplos da prática.

Essa saída, aparentemente posta em prática pelo consumidor final, já começa a ser adotada por estilistas e marcas ao redor do mundo.

FONTE: Portogente