Os saques das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) devem dar um novo ânimo ao setor de comércio. O setor de vestuário deverá ser o que mais se beneficiará pelas medidas de estímulo ao consumo promovidas pelo governo, que permitirá, a partir de setembro, que os consumidores façam saques em suas contas do FGTS e do PIS/Pasep. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) prevê que, do total de R$ 30 bilhões que deverão ser sacados (R$ 28 bilhões do FGTS e R$ 2 bilhões do PIS/Pasep), entre setembro e dezembro deste ano, pelo menos R$ 3,3 bilhões sejam gastos no segmento de vestuário, ou seja, 11% dos recursos que serão injetados no mercado.
— O volume de vendas no segmento de vestuário, calçados e acessórios seguiu na contramão do varejo, no primeiro semestre de 2019. O crédito caro e a inércia no mercado de trabalho têm inibido o processo de recuperação das vendas — avaliou o economista da CNC Fabio Bentes.
Em 2017, quando também houve uma liberação de saques das contas inativas do FGTS, o varejo ficou com R$ 12 bilhões dos R$ 44 bilhões injetados na economia. O segmento de vestuário foi o que mais se beneficiou, concentrando 38% do total que coube ao varejo, ou seja, R$ 4,1 bilhões.
Demanda fraca derruba preços
De acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro a junho, esse ramo do comércio varejista apresentou queda de 0,4% no volume de vendas, em relação ao mesmo período do ano passado, ficando à frente somente dos segmentos de livrarias e papelarias (-27,0%) e de móveis e eletrodomésticos (-1,1%). Na média, os dez segmentos que integram o comércio varejista apresentaram variação de +3,2% no período.
O cenário levou o setor de vestuário a registrar a menor inflação em meses de julho, nos últimos 20 anos, para esse grupo de produtos (+0,46% em 2019 e -1,87% em 1998).
— A tendência para os próximos meses, no entanto, é que o setor apresente algum fôlego para os varejistas. Como o consumidor está menos endividado do que em 2017, é possível esperar um efeito até relativamente maior no varejo e no segmento de vestuário, em 2019, apesar de o montante ser menor — afirmou Bentes.
FONTE: Extra